Ode aos panos e às cores

No rastro da avalanche criativa da SPFW, alguns 'panos' recém desfilados me chamaram muitíssimo a atenção.

O degradé suave do branco ao azul marinho da imensidão do mar, apresentado na passarela de Oskar Metsavaht chegou como uma viagem poética aos mistérios marítimos. Seja em texturas icônicas que remetem a praia, como as tramas de redes de pesca ou nas espécies de 'ankle sandals', masculinas, que trazem um quê de pescador; seja nos 'macro paetês-escamas' ou nos sapatos nude femininos que remetem a barbatanas e até mesmo nas peças fluidas de 'panos' super suaves, ora lembrando o brilho de animais aquáticos, ora imprimindo a calmaria dos ventos e brisas... uma legítima ode ao 'pano' numa profusão de possibilidades e muito conforto.

Seguindo, talvez, o mesmo fio poético condutor, a técnica irrepreensível de Alexandre Herchcovitch propôs para o próximo verão uma chuva de cores, trabalhadas até seu último grau. Na passarela do artista, gotas de tinta vivas fluiram em texturas acetinadas e brilhos que representavam a cor como objeto mor de inspiração; o toque de ludicidade apareceu em peças com estamparias de paintball - absolutamente emocionantes e encantadoras - sem falar no moulage pré moldado das mangas dos vestidos 'cor', desfilados com maestria pelo que é, hoje, considerado um dos maiores estilistas do Brasil.

E nesse cansaço prazeroso que a moda causa, aguardo ansioso por mais panos que instiguem e façam o mundo se mover valendo a pena.